Algumas das Universidades mais avançadas ao nível Internacional apresentam políticas de gestão semelhantes às de uma Empresa. É o caso do Massachusetts Institute of Technology, que apresenta uma ligação bem vincada à sociedade, com a qual interage e na qual participa activamente.
Na óptica do MIT o conhecimento sai obviamente favorecido com a opção por esta política. As necessidades da sociedade estimulam a investigação e o desenvolvimento, e, por outro lado, a interacção com a sociedade permite obter meios mais capazes, nomeadamente ao nível económico, que fomentam o próprio conhecimento e o estatuto da Universidade ao nível internacional, que traz, certamente, mais valias.
Podemos pensar ainda que a sociedade pode representar também um bom feedback relativamente à qualidade e interesse da investigação levada a cabo pela própria Universidade, indicando o caminho para as reais necessidades de desenvolvimento e inovação.
Em Portugal, esta mentalidade não está ainda completamente inserida no meio académico, talvez devido a receios de corrupções sobre a visão do que deveria ser o trabalho de uma Universidade, isento e livre de interesses exteriores. A verdade é que o conhecimento deve ser comunicado, partilhado, para permitir novos desenvolvimentos, logo as relações com o exterior devem ser estimuladas, e não evitadas. O fluxo de informação é necessário para que os objectivos das partes interajam e evoluam.
A este respeito surge uma notícia recente sobre a colaboração da empresa Martifer, sub-holding da Mota-Engil que tem focalizado interesses nas energias renováveis, e a Universidade de Aveiro. As duas partes assinaram um protocolo visando a criação da Martifer Inovação no campus universitário.
Desta forma pretende criar-se um grupo de investigação e desenvolvimento nas áreas das energias renováveis que possibilte a comunicação do meio universitário com o mercado real. Na carteira de projectos estão protótipos para produzir energia a partir das ondas, biocombustível de segunda e terceira geração e soluções de armazenamento de energia. “Pretendemos contaminar o ambiente universitário com projectos reais, que os alunos [recém-licenciados, bolseiros e investigadores] sintam a vontade de empreendedorismo, aceitem correr riscos e cumprir prazos. Só pode correr bem”, afirmou Carlos Martins, presidente da Martifer, na sessão que decorreu no Universidade de Aveiro e que contou com a presença de Manuel Pinho, ministro da Economia e Inovação, entre outros governantes, académicos e empresários.
Helena Nazaré, reitora da UA, destacou o papel da universidade na formação de recursos humanos, com cursos e mestrados nas áreas da energia, gestão ambiental e eficiência energética e salientou que “o país e a região de Aveiro precisam que a UA se envolva para solucionar a enorme dependência energética”. Na sessão foi ainda assinado um contrato de investimento entre o IAPMEI e a Earth Life, empresa que integra investigadores da UA e se propõe construir painéis solares inovadores na zona industrial de Ovar.
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