quarta-feira, outubro 25, 2006

Engenharia Política


O Nobel da Economia de 2006 foi atribuído a Edmund Phelps.
Perguntar-se-ão, porque é para aqui chamado o Nobel da Economia. Já lá vamos.
O Nobel atribuído a Phelps, segundo alguns especialistas, pretende premiar a relevancia e originalidade no seu tratamento dos temas, em detrimento dos aspectos mais técnicos. Na realidade, se pesquisarmos por Phelps nas buscas do Scholar do Google, aparecem 4600 citações de outros autores, valores bastante baixos comparativamente com outros prémios Nobel anteriores (Schelling:12800; Prescott:12900;Engle:14000).
Existem dois aspectos principais que devem ser referidos relativamente à obra de Phelps:
1) a produção de um manual de introdução à economia;
2) a elaboração de uma ousada proposta de política pública de intervenção no mercado de trabalho.

No que diz respeito ao primeiro ponto, o manual de sua autoria, apesar de apresentar uma qualidade bastante elevada, não foi, no entanto, dos manuais mais seguidos, incomparável com os sucessos comerciais de Samuelson ou Stiglitz.
É o segundo ponto que pretendo focar mais atentamente. Num dos seus mais importantes trabalhos, Phelps argumentara que a sociedade do conhecimento sobrequalifiou as competências e desqualificou o trabalho físico. Os baixos salários dos trabalhadores menos qualificados aumentou as desigualdades, e afastou da força de trabalho largas camadas da população, atirando-os para a dependência da assistência pública. Devido aos baixos salários não compensarem renunciar aos benefícios do sistema da segurança social, o emprego dos trabalhadores pouco qualificados tende a diminuir perigosamente. Em "Rewarding Work: How to Restore Participation and Self-Support to Free Enterprise", editado pela Harvard University Press, Phelps desenvolve o tema e apresenta algumas recomendações para o controlo da situação. Esta sua visão política sobre a Economia foi a razão do seu Nobel, que tenta demonstrar e evidenciar o desejo de impulsionar os conhecimentos na área da Economia Política.

Será interessante uma breve incidência sobre o trabalho de Phelps e o reconhecimento da importância do tema na perspectiva da Engenharia. Veja-se que a questão levantada por Phelps abrange também a mão-de-obra menos qualificada do sector, que tem diminuído bastante, sendo normalmente a solução a recorrência a trabalho imigrante. Esta não será contudo uma opção sustentável e que vise a Qualidade.
Por outro lado, da mesma forma que o Nobel pretendeu salientar a importância da Economia Política, talvez faça falta pensar na Engenharia também segundo essa vertente. Tentar que ela penetre na sociedade e se mob
ilize política e socialmente. Olhar para a engenharia não só como uma indústria, mas como uma solução para diversos problemas da sociedade.

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