quinta-feira, dezembro 28, 2006

Engenharia de Sistemas: um passo para a Reinvenção da Construção


A Engenharia de Sistemas assume-se nos tempos modernos como uma disciplina de integração e optimização indispensável a qualquer sector de actividade de uma sociedade.
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A inevitabilidade da existência de unidades elementares que apresentam comportamentos distintos quando actuam individualmente ou em conjunto, obriga a que todas as relações sejam consideradas e analisadas de forma cuidada. A complexidade dos sistemas actuais obriga a que as análises sejam feitas de forma sistemática e metódica, aplicando-se técnicas científicas de concepção, análise, controlo, optimização, simulação e previsão.
A Engenharia de Sistemas é uma àrea científica transversal que abrange estas problemáticas, e que se apresenta no século XXI como uma disciplina de desenvolvimento e aplicação inevitável.
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No caso da Engenharia Civil, podem referir-se inúmeras formas de aplicação da Engenharia de Sistemas, por exemplo através da optimização e controlo da cadeia de produção, da implementação de sistemas de apoio à decisão no contexto da concepção, da estruturação e controlo de sistemas de informação e redes de trabalho, da modelação e simulação da cadeia de produção, da simulação da interacção entre o produto final e o utilizador, ou a modelação e simulação das infra-estruturas tendo em vista a sua concepção. Inevitável é também a sua intervenção ao nível da gestão financeira dos empreendimentos, da calendarização das actividades inerentes a toda a vida útil da infra-estrutura (operação e manutenção) e dos estudo sócio-económicos inerentes a obras de impacto relevante.

Uma análise sobre as tendências do sector da Construção torna evidente que a evolução passa por um repensar da indústria da construção, em que cadeia de produção deve ser fluida, sem backflows e com takt times dos diversos intervenientes o mais próximos possível. A transparência desta cadeia e a pull capacity dos seus intervenientes devem ser estimuladas, com o objectivo de se criarem ligações eficientes entre eles, possibilitando intervenções sobre a valorização do produto mais eficazes.

As novas tecnologias têm também um papel importante nesta modernização, nomeadamente a nova tecnologia de modelação designada por Building Information Modeling (BIM), que permite a fusão de toda a informação num ambiente tridimensional, no qual todos os intervenientes podem trabalhar directamente, estando criadas condições favoráveis para a gestão virtual de toda a vida útil de uma infra-estrutura, contexto em que surge a Engenharia de Sistemas como protagonista principal, num esforço dinâmico pela reinvenção da Construção.

Assim, a Engenharia de Sistemas surge como uma ferramenta de estruturação de um sistema de produção optimizado e flexível, preparado para desempenhos mais exigentes, ficando desde já o apelo à sensibilização para o desenvolvimento de sinergias rumo à optimização dos sistemas.
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António Aguiar da Costa

terça-feira, dezembro 26, 2006

Sistema OPS (Organic Prestressing system)

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Tendo como base científica a Biomimética, uma área da ciência que tem por objectivo o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a Natureza e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência, o sistema OPS surgiu na sequência de um trabalho de investigação, iniciado pelo Professor Pedro Pacheco. Este projecto visava o estudo de aplicações de soluções de Bio-estruturas a estruturas de Engenharia Civil.
Centrado no estudo do músculo, o trabalho de investigação transportou os conceitos conhecidos da anatomia para as estruturas, surgindo o conceito de pré-esforço orgânico, em que, por exemplo, uma viga é dotada de um sistema de cabos que respondem a instruções de um autómato em função de deformações medidas por sensores, o que, permite a optimização do comportamento da viga e a diminuição considerável do seu peso.
Seguidamente apresenta-se um vídeo em que o Professor Pedro Pacheco explica, de uma forma simplificada, o conceito de pré-esforço orgânico (retirado da página do
Grupo OPS).





A Tese de Doutoramento “Pré-esforço Orgânico – um exemplo de sistema efector” apresentada em 1998 pelo Professor Pedro Pacheco marcou o início de um reconhecido e inovador sistema de pré-esforço com comportamento inteligente, que conta já com diversos prémios:
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2004 - FIVE - Fomento da Inovação e Valorização Empresarial (IAPMEI)
2001 - 2ª melhor Tese Internacional em Estruturas (FIB - Fédération International du Béton)
1998 - Nomeação Prémio Ferry Borges para Melhor artigo escrito em língua estrangeira
1998 - Nomeação Prémio Ferry Borges para Melhor artigo escrito em língua portuguesa

Um projecto piloto foi já desenvolvido para o teste do sistema OPS, aplicado à construção de uma ponte sobre o Rio Sousa (sub-lanço Lousada – IP4/A4), tendo sido um verdadeiro êxito. Um completo sucesso foi também a parceria entre a FEUP e a Mota-Engil que tem sido um dos trunfos deste projecto.

O futuro está com certeza garantido pela capacidade científica e grande dinâmica do grupo de investigação e desenvolvimento liderado pelo Professor Pedro Pacheco (Grupo OPS), no entanto, é verdadeiramente primordial continuar a inovar para que este projecto continue a crescer. Num mercado global como o de hoje, a capacidade de continuar a competir está directamente relacionada com a capacidade de continuar a inovar, situação que obrigará o Grupo OPS a continuar a criar novas aplicações do conhecimento que possuem. Será certamente essa a sua estratégia, restando-nos esperar para ver. No horizonte visualizam-se já sistemas estruturais inteligentes, sistemas de monitorização a tempo real e realidade virtual aplicada a sistemas construtivos e de monitorização, um pequeno passo para quem ousa inovar.
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António Aguiar da Costa
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Referências:
http://www.organicprestressing.com/, página do Grupo OPS acedida em 26/12/2006

25 dicas para uma casa mais Sustentável

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A Quercus apresenta 25 sugestões para apoiar a decisão daqueles que pretendem comprar, arrendar ou construir uma casa. Uma pequena ajuda para a necessária formação da sociedade no âmbito da construção. Vale a pena uma visita!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Centrais Termoeléctricas de Biomassa

Contribuição para o SmartEngineering de Horácio Luís Baptista, Projectista na IDOM e admnistrador do site ForumEnergia.eu
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A Biomassa em configuração de ciclos híbridos (regime, rendimento e meio ambiente)

Existe em todo o mundo uma forte vontade política de fazer maior uso das energias renováveis.

As centrais termoeléctricas de biomassa (CTB) vêm sendo utilizadas desde há algum tempo como meios auxiliares nas serrações e na indústria açucareira em vários países do mundo, actuando como instalação abastecedora numa fase preliminar do processo.

Hoje, as CTB já alcançaram um desenvolvimento tecnológico importante comparativamente com os seus primeiros anos. As centrais mais modernas são instalações orientadas aos biocombustíveis disponíveis, beneficiando-se desta forma das melhores tecnologias em todos os casos: filtros móveis e vibratórios com injecção de ar ascendente, caldeiras de leito fluidificado, queimadores adicionais a diferentes níveis do forno que asseguram a combustão homogénea em todas as áreas, etc. U
m papel importante é o desempenhado pelos sistemas de filtragem, como “ciclones” ou filtros de base húmida que permitem o funcionamento destas centrais com níveis reduzidos de emissões de partículas sólidas.
Fonte: www.flucal.pt

A configuração básica das CTB é semelhante à das instalações de geração de ciclo simples com os ajustes e melhorias necessárias como, por exemplo, o factor de escala ou a preparação e acondicionamento do combustível antes da entrada na câmara de combustão.

A combustão cria o fluxo de gases de escape que circula nas secções da caldeira, produzindo assim o vapor aquecido. O rendimento de uma caldeira standard ronda os 90%. Uma vez gerado o vapor, o processo é o mesmo que num ciclo de Rankine. O rendimento global nas centrais eléctricas de vanguarda baseadas na biomassa vem a ser de 29% - 30%.

Uma das particularidades mais interessantes das CTB é que as mesmas não produzem qualquer emissão de gases de efeito de estufa, tendo em conta que o CO2 emitido é o mesmo que o que o meio ambiente absorveu no biocombustível, por exemplo, através da fotossíntese da flora.
Fonte: www.inforse.dk

Depois desta pequena revisão às CTB, é fácil compreender o seu interesse. Sem dúvida, as taxas de rentabilidade mínimas aceitaveis destas instalações não sáo tão boas se comparadas com outros tipos de instalações. Os preços do combustível aumentam com o seu manuseamento e transporte, os preços todavia elevados destas tecnologias e o seu menor rendimento global (sempre comparativamente falando), requerem certos apoios governamentais para o seu desenvolvimento desejável.

Os governos devem oferecer apoio ao desenvolvimento real destas tecnologias, não prejudiciais para o meio ambiente, com os adequados incentivos à venda de electricidade por biomassa e algum apoio fiscal. Por outro lado, os fabricantes e os projectistas devem oferecer soluções complementares para melhorar a viabilidade das instalações.

Um dos desenvolvimentos mais interessantes é o dos ciclos híbridos, ou mistura de um ciclo normal de biomassa com outros ciclos de geração, como, por exemplo, os ciclos simples com turbinas de gás ou motores a gás, ou as instalações de cogeração.
Fonte: www.eere.energy.gov

Nestes ciclos híbridos, uma das configurações mais interessantes é a chamada “2 x 1” (caldeira de biomassa e motor/turbina a gás + turbina comum de vapor). Assim consegue-se, com um projecto correcto, aumentar o rendimento global da instalação até alcançar valores de 40%.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Proposta de Revisão do Decreto nº 73/73

Contribuição para o SmartEngineering de Sílvia Magalhães, Engenheira Civil e colaboradora da COBA (Brasil)



No passado dia 23 de Novembro foi finalmente aprovada a proposta de revisão do Decreto Nº 73/73, de 28 de Fevereiro, pelo Conselho Directivo Nacional, depois de apresentada a a primeira versão a 14 de Outubro.



Este Decreto regulamentou, durante todos estes anos, a qualificação exigida aos técnicos responsáveis pela execução dos projectos de obras sujeitas a licenciamento municipal. As suas disposições foram sendo aplicadas e referenciadas nos vários regulamentos do sector, nomeadamente o RJUE – Regulamento Jurídico da Urbanização e Edificação, aprovado pelo decreto lei nº 555/99, de 16 de Dezembro e alterado pelo Decreto nº 177/2001, de 4 de Junho.
Na altura, o documento foi um importante marco na sistematização do sector dos projectos e construção de obras civis. Contudo, dada a falta generalizada de técnicos, ao nível nacional, necessários para responder à grande procura que se verificou por essa altura no sector (marcada por um boom na construção), as disposições do diploma eram muito vagas e chegavam mesmo a isentar os projectistas de grau superior como indica o artigo 6 do documento.
Hoje, passadas mais de 3 décadas sobre o primeiro diploma, e perante um crescimento do parque habitacional de mais de 20% anual [1], era peremptória a necessidade de se rever o mesmo.


Além disso, a proliferação de cursos oferecidos pelas universidades, e o consequente aumento (quantitativo e qualitativo) dos técnicos, arquitectos e engenheiros, muda totalmente o cenário da década de 70 e obriga a uma maior especificação e clarificação das qualificações necessárias para cada tipo de projecto.

O SATAE (Sindicato dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia) [2], identifica, entre outras, duas grandes lacunas no Decreto de 73:

a)Abrange apenas as obras sujeitas a licenciamento municipal, o que restringe o âmbito de aplicação das normas respeitantes às qualificações habilitantes para a elaboração de projecto, que se pretendiam mais gerais. Em particular refira-se a obra pública, omissa no diploma e cujo interesse público é ainda maior;

b) algumas funções essenciais no processo construtivo não estão reguladas como é o caso do “responsável pela direcção técnica da obra” (director técnico de obra) e o de “fiscal de obra”, consagradas no Regime de Empreitadas de Obras Públicas e referenciadas no RJUE. Outras funções são ambíguas como a autoria das diferentes especialidades, em particular a legitimidade de projectos de arquitectura serem executados por engenheiros civis, como se constata nos artigos:
Artº (Disposições Gerais) 2—Os projectos deverão,(…) ser elaborados e subscritos por arquitectos, engenheiros civis, agentes técnicos de engenharia civil e de minas, construtores civis diplomados ou outros técnicos diplomados em Engenharia ou Arquitectura reconhecidos pelos respectivos organismos profissionais.

Artº 3 (Edifícios) 3—Os projectos de edifícios correntes, e sem exigências especiais, que não excedam quatro pisos acima do nível do arruamento principal e cuja área total de pavimentos não ultrapasse 800 m2, bem como os projectos de alteração e os planos de demolição correntes, poderão ser elaborados e subscritos por construtores civis diplomados.

Artº 3 (Edifícios) 4- É obrigatória a intervenção de arquitectos nos projectos de novos edifícios e nos de alteração em edifícios existentes, que envolvam modificações na sua expressão plástica, nas áreas aprovadas pelo Governo para este efeito, sob proposta das câmaras municipais interessadas.

Sobre este último ponto, desde há muito tempo que os arquitectos reivindicam o seu direito à exclusividade do projecto de arquitectura. No ano transacto, concretamente a 23 de Novembro de 2005, foi apresentado à Assembleia da República, um Projecto de Lei, ao abrigo do direito de iniciativa legislativa de cidadãos, assinado por 36.873 cidadãos, exactamente com essa reivindicação.

Por outro lado, em 2004, a Ordem dos Engenheiros, havia já apresentado ao Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações (MOPTC) uma proposta de revisão focada na regulamentação da construção, também demasiado vaga no diploma de 73.

Por tudo isto, tornava-se urgente a actualização do referido Decreto, tendo em vista a correcção das lacunas e omissões acima descritas e a definição de um novo enquadramento do sector da construção, que entretanto, havia crescido exponencialmente. Além disso, a própria evolução da sociedade impõe requisitos cada vez mais exímios quanto à qualidade, segurança, conforto e sustentabilidade dos espaços a habitar, tal como a protecção do ambiente e do património arquitectónico contruído.

Assim, perante a aprovação do novo projecto de lei no final deste ano, entramos numa nova era na regulamentação do sector, nomeadamente pelas seguintes evoluções ao antigo documento:

a) Abrangência na sua esfera de aplicação, da qualificação dos técnicos na generalidade da actividade da edificação, tanto de obras particulares como públicas;

b) Regulação, a par da autoria do projecto, das funções de coordenador de projecto, de direcção técnica da obra (fiscalização ou fiscal de obra, na obra pública) e de técnico de obra (director técnico de empreitada, na obra pública), incidindo na qualificação dos técnicos, seus deveres e responsabilidades;

c) Reequacionamento das qualificações dos técnicos relativas à elaboração de um projecto, em função da especificidade e da especialização da sua qualificação, distinguindo e diferenciando as situações em que se encontravam consagradas competências próprias de técnicos das previstas como meramente transitórias;

d) Reconhecimento, na elaboração do projecto, da existência de uma “equipe de projecto”, cuja constituição deverá ser institucionalizada por contrato escrito e seu funcionamento como equipa, tendencialmente multidisciplinar e orientada por um “coordenador de projecto”, responsável por todas as peças escritas e desenhadas;

e) ainda sobre a elaboração do projecto, atribuição das várias componentes, de arquitectura e especialidades de engenharia, a arquitectos e engenheiros ou engenheiros técnicos, respectivamente, prevendo ainda a qualificação de outros técnicos para a elaboração de outras intervenções de menor complexidade e dimensão, como agentes técnicos de arquitectura e engenharia, arquitectos paisagistas e de interiores;

f) regulação das funções de direcção técnica de obra e de técnico de obra, nomeadamente previsão de níveis de capacidade de actuação de acordo com a qualificação dos técnicos e do valor e da complexidade das obras, fazendo apelo ao regime que regula o exercício da actividade de construção (Decreto Lei 12/2004, de 9 de Janeiro)

g) Consagração do dever de assistência técnica a que fica obrigado o coordenador do projecto e autores dos projectos;

h) Obrigatoriedade de celebração de contrato de seguro de responsabilidade social para o desempenho de qualquer das funções reguladas no diploma.

Com isto, espera-se um mercado a funcionar mais equilibradamente, mais justo e eficaz e que preze pelo objectivo último de produzir construções de cada vez maior qualidade e segurança para benefício de todos, isto é, um salto na qualidade da edificação. O meio para se atingir essa meta é, desta forma, a maior responsabilização dos técnicos envolvidos nos actos de projectar e construir, pela clarificação das suas habilitações, responsabilidades e níveis de actuação.

Consultar a Proposta de Revisão aprovada a 23 de Novembro de 2006 com Anexos 1 e 2

Referências:

[1 ] Rodrigues, Duarte; "A Evolução do parque habitacional português: Reflexões para o futuro",Direcção Regional de Lisboa e Vale do Tejo ,Instituto Nacional de Estatística

[2] Sindicato dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia, disponível em http://satae.com/website/ (acedida em 19 de Dezembro de 2006)

domingo, dezembro 17, 2006

Prémio Pessoa 2006

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15 de Dezembro 06 António Câmara vence galardão
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O professor António Câmara foi galardoado com o Prémio Pessoa 2006. Pela primeira vez em 20 anos, o prémio foi atribuído a uma figura da área das ciências da informação, distinguindo a importância da inovação em Portugal.

António Câmara, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e fundador da empresa de novas tecnologias YDreams, foi galardoado, esta sexta-feira, com o Prémio Pessoa 2006.«Foi uma surpresa para mim, nunca pensei porque o perfil dos antigos vencedores não era exactamente o meu, que é um misto de universitário e empresário», afirmou António Câmara, em declarações à TSF.O júri decidiu atribuir o Prémio Pessoa 2006 - no valor de 50 mil euros - pela primeira vez, em vinte anos de existência, este premiou foi entregue a uma personalidade da área das novas tecnologias. «É uma das figuras mais representativas de uma nova área de conhecimento aplicado», designadamente «as tecnologias de informação e a realidade virtual», que tem tido, nos últimos anos, «uma expansão notável no nosso país», explicou à TSF, Pinto Balsemão, presidente do júri. Segundo os responsáveis pela atribuição do prémio, o galardão congratula também «o entendimento contemporâneo de uma missão da universidade», bem como «o reconhecimento da importância de uma actividade empresarial ao serviço da sociedade».António Câmara, com 52 anos, sonhava em ser tenista quando estudava engenharia, mas acabou por se destacar como pioneiro na investigação em informação geográfica.Criou a empresa YDreams, um caso considerado de sucesso na área do software para multimédia, realidade virtual e computação móvel, foi consultor da «Parque Expo98» e liderou três dezenas de projectos de investigação científica, para além de muitas outras iniciativas que levou a cabo.O Prémio Pessoa é atribuído anualmente, desde 1987, a uma personalidade portuguesa com intervenção relevante na vida científica, artística ou literária do país. Nas últimas edições foi atribuído a personalidades, como Maria João Pires, Cláudio Torres ou António Ramos Rosa.
Texto retirado do site www.tsf.pt
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Este prémio surgiu como uma manifestação inequívoca de uma necessidade de mudança. Na verdade, como foi dito acima, pela primeira vez em vinte anos este prémio foi atribuído a uma personalidade na área das novas tecnologias. Ao mesmo tempo, uma personalidade que representa uma das necessidades mais urgentes do ensino universitário: a ligação entre a sociedade, o mercado empresarial e a o mundo universitário. Segundo o próprio, a surpresa foi grande pois o perfil dos antigos vencedores não era o dele, um misto entre empresário e universitário. Mas porque não é este o perfil de um possível vencedor?
A resposta surpreendente foi finalmente dada através deste prémio, um incentivo para o esclarecimento de que o ensino universitário deve ser um dos principais motores da sociedade e do mundo empresarial e um premiar do trabalho de um engenheiro civil que decidiu tentar a sua sorte.
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António Aguiar da Costa

terça-feira, dezembro 12, 2006

As pontes e as preocupações relativas à sua gestão


Ao longo das últimas décadas foi-se desenvolvendo uma preocupação crescente sobre o estado real das pontes, em detrimento da grande preocupação, até então, de as construir. No estados Unidos, essa mudança deu-se por volta dos anos 60, altura em que se verificaram falhas em diversas pontes, incluindo o colapso desastroso da Silver Bridge (Small and Cooper1998)
[1].


Em Portugal talvez essa maior consciencialização se tenha verificado com a mesma intensidade em 2001, com o colapso da ponte de Entre-os-rios.

O surgimento de bases de dados com informação tornou-se então indispensável, tendo sido criada em 1971, nos Estados Unidos, uma base de dados nacional, designada por National Bridge Inventory (NBI) (Turner and Richardson 1994)[2].

Aparecimento de Sistemas de Gestão de Pontes

A necessidade de desenvolvimento de sistemas de gestão de pontes foi progressivamente acentuada, tendo surgido então na América, a par das tecnologias computacionais cada vez mais desenvolvidas, nos anos 90, alguns programas de gestão donde se destacaram o Pontis e o Bridgit, que se tornaram bastante conhecidos e utilizados.

O principal objectivo dos modelos do tipo Bridge Management system (BMS) é a optimização da manutenção da ponte, ou de um conjunto de pontes, ou seja, apoiar a decisão no sentido da optimização das decisões a tomar face à manutenção e à inspecção das mesmas, permitindo ainda alguns dos modelos considerar as acções de inspecção como variáveis de decisão
[3].
Apesar de assumirem formulações distintas, a maioria dos modelos BMS existentes procuram a minimização dos custos globais, no sentido de optimizarem as acções de manutenção para um determinado limite de custo. Uma das variações encontradas, em termos de formulação do modelo, diz respeito ao objectivo da metodologia, em alguns casos, a minimização, não apenas dos custos, mas também da probabilidade de falha, controlando essa probabilidade acima de um determinado limite mínimo (Mory and Ellingwood 1994)
[4].
No que diz respeito aos modelos de deterioração, deve referir-se que a maioria dos existentes são independentes do tempo, o que quer dizer que um determinado estado não depende das evoluções passadas da própria estrutura (nestes casos é usado o processo de Markov). Existem, no entanto, alguns modelos que consideram já esta análise, baseando-se nas propriedades físicas da estrutura analisada (Kong and Frangopol 2003)
[5].
Aliadas a qualquer uma das metodologias existentes surgem indispensavelmente as acções de inspecção, que são, normalmente, realizadas com uma periodicidade pré-estabelecida (igual a 2 anos nos EUA), ou, no caso de metodologias mais recentes as inspecções fazem parte das variáveis, sendo definidas de acordo com as metodologias adoptadas, segundo um conceito de optimização da manutenção e da inspecção.

De uma forma geral, este tipo de programas englobam 5 etapas essenciais:
- Definição de elementos estruturais de betão
- Desenvolvimento de uma base de dados de todos os elementos
- Definição de regras que permitam prever a deterioração futura
- Desenvolvimento de bases de dados de acções de manutenção
- Desenvolvimento de algoritmos de optimização de acções de manutenção.
Em Portugal, os sistemas de gestão incluem apenas as primeiras duas etapas, tal como acontece em diversos países da Europa (Neves, Luís 2006)
[6].

A crescente consciencialização para a sustentabilidade do património construído tem gerado diversas preocupações abrangendo a sua durabilidade, custo de ciclo de vida, sua manutenção e conservação. A Norma Europeia EN206-1 2005 é prova disso, apresentando o conceito de vida útil e o conceito de desempenho aplicado aos betões e produtos correlacionados, prevendo estudos de desempenho e de degradação do betão.

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António Aguiar da Costa

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Referências:

[1] Small, E. P. and Cooper, J. (1998b) “Condition of the Nation’s highway bridges. A look at the past, present and future” TR news, (194), 3-8

[2] Turner, D. S., and Richardson, J. A. (1994) “Bridge management system data needs and data collection- characteristics of bridge management systems”, Proc.7th Conf.on Bridge Mgmt., Transp. Res. Circular No.423, National Academy Press, washington, D. C., 5-15

[3] Robelin, C. and Madanat, S., A bottom-up, reliability-based bridge inspection, maintenance and replacement optimization model, TRB 2006
[4] Mori, Y., and Ellingwood, B., “Maintaining Relaibility of Concrete Structures. I: Role of inspection/repair and mainaining reliability of concrete structures. II: Optimum inspection/repair”, ASCE Journal of structural Engineering, Vol.120, No.3, 1994, pp. 824-862
[5] Kong, J., and Frangopol, D., “Life-cycle Reliability-Based Maintenance Cost Optimization of Deteriorating Structures With Emphasis on Bridges”,ASCE Journal of Structural Engineering, Vol. 129, No. 6, 2003, pp. 818-828
[6] Cruz, P., Neves, L., Wisniewski, D., “Segurança, Manutenção e Conservação de Pontes”, documento disponibilizado no site www.estradasdeportugal.pt

domingo, dezembro 10, 2006

Dunas perderam dez metros de areia

Dunas perderam dez metros de areia Costa de Caparica: INAG vai colocar areia nas praias para evitar avanço mar 09.12.2006 - 22h10 Lusa

O Instituto Nacional da Água vai colocar areia nas praias do Norte da Costa de Caparica a partir de amanhã para evitar o avanço do mar e proteger as habitações e estabelecimentos comerciais, informou o Ministério do Ambiente.
A governadora civil de Setúbal, Teresa Almeida, alertou anteontem para o "perigo eminente" do avanço do mar nas praias de São João provocar a ruptura das dunas e atingir habitações e estabelecimentos comerciais da zona. Desde então, as dunas têm resistido à preia-mar, mas já perderam mais de dez metros de areia.


O assessor do Ministério do Ambiente, Joaquim Cale, avançou, entretanto, que o INAG está em alerta permanente e que a reposição de areia no cordão dunar das praias de São João será efectuado "assim que as condições climatéricas o permitam".O assessor rejeitou a possibilidade de se colocarem pedras para proteger as zonas em perigo, hipótese sugerida pelo presidente da junta de freguesia e pelo dono de um bar que está em perigo de derrocada, visto que o INAG considerou que essa solução iria "agravar ainda mais a situação".


Neste caso, a questão que levanto é se a colocação de areia é realmente uma boa opção a médio-longo prazo. Parece-me óbvio que as causas da erosão se irão manter e no próximo ano a situação repetir-se-á. Será sustentável este tipo de medida? Onde se irá buscar a areia e qual a que preço ficará?
A respeito da erosão nas costas o Prof. Mota Oliveira refere que "a principal causa de degradação da costa está nas barragens, que impedem a alimentação das praias com sedimentos dos rios. Os rios, quando não tinham barragens, transportavam até ao mar a areia resultante da erosão nas bacias hidrográficas. Mas as barragens, para além de reterem a água, também retêm sedimentos. E estes, que antigamente alimentavam as praias, agora ficam nas albufeiras - com a agravante de, em alguns locais, os sedimentos que existem nos leitos dos rios serem extraídos para a construção civil. Ora, se nas praias as ondas têm menos areia para transportar, removem a que lá está."
Este é um problema grave e de resolução dificil, tendo em conta que a origem do problema apresenta uma complexidade elevada. Contornar o efeito das barragens no fenómeno do transporte de sedimentos representa custos elevados. Na praia em questão o INAG optou por se encarregar pela colocação de areia na praia, substituindo assim uma das funções dos rios no equilíbrio dos ecossistemas, entretanto fragilizadas pelo próprio Homem.
Uma das outras formas de contrariar o efeito desta erosão diz respeito à construção de esporões, que levam à acumulação de sedimentos de um dos lados (que está voltado para a corrente), no entanto, provoca um aumento da erosão do lado oposto. Este aumento da erosão do lado oposto pode ser contrabalançado com um novo esporão, que, por sua vez, coloca os mesmo problemas que o esporão anterior. Esta situação leva a que, por exemplo no sul de Espanha, seja muito comum a construção de vários esporões com espaçamento constante, terminando numa zona em que a erosão não provoca danos significativos.
Sul de Espanha (image do Google Earth)
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A costa do sul de Espanha sofre bastante com a erosão, essencialmente devido às características do mar mediterrâneo, cujas correntes apresentam maior força no sentido do mar do que no sentido da praia, arrastando as areias para os fundos oceânicos.
Em Portugal o mar apresenta condições menos desfavoráveis, sendo mais variáveis as suas acções sobre a costa, no entanto vão crescendo as situações de erosão, essencialmente devidas à existência das barragens.
É importante abordar o assunto de forma integrada e com a imparcialidade que a situação exige.
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António Aguiar da Costa


quarta-feira, dezembro 06, 2006

O sector da Construção na Europa II

Não resisti em colocar uma outra tabela, da mesma fonte, que revela os resultados de produção relativos à reabilitação e manutenção. De realçar que Portugal apresenta resultados semelhantes aos da Alemanha (tal como acontecia na tabela anterior), no entanto, a Alemanha apresenta já uma recuperação considerável em 2006, o que não se pode dizer em relação a Portugal.
Os restantes países da União Europeia apresentam um cenário mais positivo que o Português, o que, de certa forma, é a envolvente ideal para uma recuperação do nosso país a partir do próximo ano.
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Fonte: European Construction Industry Federation FIEC

segunda-feira, dezembro 04, 2006

O sector da Construção na Europa

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Fonte: European Construction Industry Federation FIEC