quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Serviços com Urgência!

O governo Português, principalmente através do seu ministro da saúde Correia de Campos, tem levado a cabo uma série de intervenções estratégicas ao nível da distribuição dos serviços de urgência em Portugal.
Verifica-se que este mesmo serviço tem sido eliminado de algumas localidades, com apresentação de argumentos que apoiam a proximidade de outros serviços do mesmo tipo, e que assim, a qualidade do serviço final pode ser melhorada, tendo em conta que existe a mesma verba para um menor número de serviços disponibilizados.

O que é evidente para todos nós, no âmbito de uma sociedade democrática moderna, é o óbvio descontentamento das populações que ficam sem os serviços que sempre se habituaram a ter junto de si. As hesitações do ministro têm sido a prova das dificuldades de implementação uma medida deste género.
A evidência desta situação leva-me a pensar que o que falta em tudo isto é a visão do governo sobre uma sociedade cada vez mais exigente e informada que, como tal, deve ser considerada como um agente interveniente na decisão e por isso um agente com quem se deve negociar.

Ou seja, como em qualquer decisão entre diversas partes interessadas, deveria haver uma sensibilidade negocial, em que, neste caso, a população que perdia o serviço teria uma outra contrapartida que, a curto prazo tornaria todo o processo mais simples.
No seguimento deste pensamento, encaminharia o a ideia para o conceito de serviço de saúde em rede, desenvolvido na América e reconhecido como o Mayo Health System. Este conceito tem obtido resultados bastante positivos, tendo sido premiado com variados prémios de Qualidade e baseia-se na existência de uma rede de centros de saúde, clínicas e hospitais, integrada e inter-relacionada, e com localização dispersa em rede.

Talvez o que falta em Portugal seja deixar de pensar em remendos e arriscar numa distribuição estratégica de vários serviços, com infra-estruturas renovadas, e que se suportem num conceito de rede regional e desenvolvam a necessidade de inter-relação e inter-comunicação total.
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António Aguiar da Costa

3 comentários:

Anónimo disse...

apoiado.
A3C

Anónimo disse...

Eu pago segurança social. Perto de mim a urgência vai fechar. Não é rentável, diz o ministro. No seu lugar vai nascer um hospital privado...

António Aguiar da Costa disse...

Certamente será o Hospital Privado que irá surgir em Mirandela. Realmente é uma situação pouco confortável.

No entanto o que eu penso é que quando uma empresa não tem lucros, ou tem bastantes dificuldades operacionais, e não consegue alterar a situação ao longo dos anos,normalmente não existe outra solução do que acabar com a empresa, em vez de tentar mantê-la na linha de água.
Terminar uma empresa permite que outra melhor,mais optimizada, surja. Permite que, num espaço temporal curto se possa transformar a experiência e o know how em optimizações práticas.

Esta situação pode aplicar-se aos hospitais, quer sejam privados, quer sejam do estado. Não tenho dúvidas que se um hospital privado consegue ser rentável, um hospital do estado também o pode ser, mas não com o formato e a organização de processos que possivelmente existem em muitos deles.

Relativamente a um hospital na "linha de àgua" existem três opções:
1-Mantém-se a situação (o que representa custos e serviços muitas vezes inadequados)
2- Encerra-se o hospital e cria-se um novo,com processos optimizados e modernos.(ou faz-se reformulação profunda)
3- Encerra-se o hospital e procuram-se soluções alternativas

A grande diferença entre o privado e o Estado é o capital. O Estado não tem capacidade financeira para investir em novos hospitais, numa renovação das infra-estruturas, o que o obriga a optar pela 3ªopção, pela busca de soluções alternativas, pela reformulação do sistema nacional de saúde.

Entretanto os privados aproveitam-se desta situação e investem. Talvez até o estado prefira esta situação.