segunda-feira, maio 28, 2007

Imaginar a mobilidade

Os transportes urbanos estão a ficar desadequados às exigências actuais.
No contexto ambiental, por exemplo, observe-se os autocarros, verdadeiros monstros por entre ruas estreitas estremecendo a calçada e emitindo decibéis extrovertidamente, naturalmente desadequados aos limites de conforto cada vez, teoricamente, mais apertados e aos objectivos de redução da poluição emitida.

Os seus percursos, quanto a mim demasiado longos, obrigam a que as dimensões dos autocarros sejam grandes o suficiente para que correspondam às necessidades de transporte dentro das suas amplas áreas de influência.

Parece natural que quanto maior o percurso a servir, maior será a possibilidade de atrasos ou a incerteza destes. Gerir horários obriga a que seja gerida também a incerteza de os cumprir. Para mim, também este deve ser um critério para projectar os percursos a servir e um argumento para a redução dos percursos.

Estou definitivamente do lado dos percursos menos abrangentes, mas obrigando possivelmente a mais trocas por parte dos utilizadores. Apesar de menos confortáveis estas trocas deveriam ser feitas em terminais adequados que constituíam os pontos de ligação entre os percursos.

Sendo mais curto o percurso torna-se possível aumentar a frequência com maior facilidade até porque os autocarros a utilizar seriam mais pequenos. Veja-se que, actualmente, aumentar a frequência dos autocarros provoca impactos consideráveis no meio e no trânsito da cidade.

Caminharíamos então para um conceito de transportes satélite que abrangeriam, por exemplo, bairros, no limite, até apenas determinadas ruas. Tornavam-se transportes mais pessoais, mais previsíveis e até mais familiares.

A par desta medida eliminaria o trânsito dentro dos bairros, pelo menos os mais antigos e menos adequados ao trânsito intenso, permitiria a deslocação gratuita dos moradores do bairro/zona dentro do seu próprio bairro/zona. O pagamento seria apenas feito a partir do momento em que os limites de transporte do bairro fossem ultrapassados. Julgo que desta forma se introduziria um hábito de utilização do transporte e assim uma maior utilização global deste tipo deslocação.
Ganharia o meio e cada um de nós.
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António Aguiar da Costa
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4 comentários:

Anónimo disse...

Caro António, não posso concordar com a caracterização que fez dos autocarros urbanos. Hoje em dia, os veículos mais recentes (que, por exemplo, equipam a frota dos STCP) são máquinas optimizadas para a contenção de ruído e de emissões e de baixo consumo. Dissecando um autocarro, o mesmo pode levar mais do que 50 passageiros, o que per si é bastante melhor do que 50 automóveis particulares. Concordo com a restrição de tráfego automóvel nos centros históricos. Algumas cidades portuguesas facilitam transportes, em alguns casos gratuítos, no centro. Casos de Coimbra, Viseu, Angra do Heroísmo, etc. Ah! E em Coimbra o autocarro é eléctrico! ;)

António Aguiar da Costa disse...

Hbatista, obviamente que não emitem o equivalente a 50 automóveis. Mas naturalmente que em termos de decibeis e, imaginando que estes são emitidos em ruas estreitas como a de centros históricos, posso garantir que a intensidade está bem para lá do razoável ;)

Anónimo disse...

Ontem tive a possibilidade de observar um moderno autocarro ao serviço da Carris, movido a gás natural, e posso afirmar que o ruído emitido não era ensurdesedor. Neste momento habito um apartamento junto de uma rua onde os carros deslocam-se a velocidades próximas dos 60km/h e confirmo que o ruído emitido por estes é bastante incomodativo...

António Aguiar da Costa disse...

Os autocarros que estou a referir não são os a gás natural.
Concordo que o ruido de uma estrada com tráfego intenso seja também incomodativo.