A introdução dos serviços táxi-colectivo e moto-táxi em Portugal, sobretudo em Lisboa, vai ser o desafio lançado aos agentes do sector pela organização do Festival Internacional do Táxi. José Manuel Viegas, especialista em transportes e organizador do evento, considera que a introdução destes novos serviços poderá estimular e alargar o mercado, que actualmente atravessa "uma crise". A introdução daqueles novos serviços seria desenvolvida com "relativa facilidade", disse aquele responsável, acrescentando que bastaria um a dois anos para serem "colocados na rua". O tempo que considera suficiente para se trabalhar na evolução da frota, na adaptação da regulamentação e na discussão do tarifário. E explicou "Há bastantes países que têm vindo a introduzir a moto-táxi. Por exemplo, no Brasil, a adopção do táxi-colectivo e da moto-táxi prendeu-se com questões económicas. Em Paris, que já dispõe desta alternativa há algum tempo, os dois serviços permitem às pessoas chegarem a tempo aos seus destinos". No que diz respeito ao táxi-colectivo, José Manuel Viegas defende que a introdução deste novo serviço em Portugal poderá traduzir-se numa excelente oportunidade, a exemplo do que acontece noutros países.
Dois pontos relativamente aos taxis colectivos:
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1- O sistema de pagamento proposto por José Manuel Viegas, em que a taxação é reduzida a partir do momento em que entra outro passageiro no taxi, não representa quanto a mim um sistema eficaz. Do ponto de vista do passageiro esta medida não é persuasora, no sentido de haver uma maior utilização dos taxis, visto que se não entrar mais passageiros a taxa não se altera. Ou seja, à partida a decisão do passageiro, sob o ponto de vista económico, é feita exactamente da mesma forma que hoje.
2- Em países pouco desenvolvidos e com dificuldades económicas, por exemplo como marrocos, a taxação é feita exactamente como num autocarro. Neste caso concreto, o taxi tem 6 lugares possíveis e cada passageiro paga apenas o equivalente a um lugar.
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Dois pontos relativamente às moto-taxis:
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1- Apresentam vantagens no que diz respeito à rapidez e ao menor impacto sobre a densidade do tráfego.
2- Estão dependentes das condições atmosféricas, assim como os profissionais que as conduzem, e apresentam riscos mais graves de acidente.
Do meu ponto de vista os taxis colectivos podem apresentar vantagem desde que assumam um tipo de taxação diferente do proposto, que garanta logo à partida uma efectiva redução na sua taxa. Relativamente às moto-taxi julgo que a cidade de Lisboa não está preparada para absorver este tipo de veículos com segurança. O Professor José Viegas refere Paris como um exemplo deste tipo de transporte, mas seria interessante referir também que em Paris os veículos de duas rodas de baixa cilindrada estão bastante difundidos sendo uma das formas de deslocação privada mais utilizadas, sendo a cidade uma plataforma de mobilidade mais "amiga" deste tipo e veículo.
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Antonio Aguiar da Costa
1 comentário:
Concordo contigo no ponto do taxi-colectivo. Só traz vantagem se mudar a lógica da decisão do utilizador, realmente, o que não era o caso da primeira hipótese que descreves.
Quanto à moto-taxi, acho que estás a ser pessimista. Estive como sabes a morar no Brasil um ano onde a moto-táxi é plenamente utilizada. E se lá funciona em termos de segurança (pelo menos nunca ouvi falar de muitos acidentes específicos deste meio de transporte, ou pelo menos não mais que as motos privadas), aqui também haveria de funcionar (apesar de tudo ainda somos mais civilizados na condução que lá!). Tem a enorme vantagem de ser muito mais eficiente economicamente no tipo de viagem "1 passageiro ponto a ponto" o que reduz substancialmente a tarifa relativamente ao táxi e, por isso, poderia até ser utilizado como meio de transporte pendular. A grande desvantagem é que (infelizmente!) não vivemos num país tropical como o Brasil e não temos os 11 meses de sol como lá... Chegar ao trabalho a pingar da água da chuva não dava muito jeito!
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