Já há muito se diz que a união faz a força. O que não se diz tanto é que esta força pode ser bem maior que a soma das partes.
Esta sinergia reside essencialmente na existência de uma inteligência colectiva, na capacidade de auto-aprendizagem das organizações e de certa forma na teoria evolucionista que deve abranger a organização no seu todo.
Actualmente, com o surgimento da teoria da complexidade, que encara a maior parte das organizações como sistemas complexos que, à semelhança da natureza, são caracterizados por situações imprevisíveis, iterativas, muitas vezes caóticas e sem padrões aparentes e muito dependentes da psicologia das organizações, tem surgido maior preocupação pela análise da complexidade das organizações e pela gestão em complexidade.
Deve realçar-se que é inevitável a consideração do factor social no seio das organizações. Uma qualquer empresa que possua profissionais na sua estrutura não pode ser gerida como uma simples máquina. Esta é, aliás, uma das principais críticas à tão elogiada técnica de gestão lean production, responsável pela produtividade e eficiência do sector automóvel japonês. A elaboração de um sistema de produção tão perfeito em termos de mecanização, automatização e linearidade transformou os intervenientes humanos em peças sem liberdade criativa, social ou emocional, e acima de tudo nas únicas peças da máquina que falham. Uma pesada responsabilidade, a constante tentativa de tentar atingir o desempenho da máquina. Nos últimos anos o Japão tem sentido a fragilidade desta filosofia de gestão através dos inúmeros casos de problemas sociais no seio das empresas.
A tudo isto acrescenta-se o surgimento explosivo das tecnologias da informação, que têm mudado o funcionamento do mundo, transformado a sociedade e a os conceitos de desenvolvimento e evolução. Deve notar-se a este respeito que hoje a gestão do conhecimento, a criatividade e o desempenho organizacional começam a sobressair relativamente às produções massivas e automatizadas. Talvez seja possível arriscar que nos próximos anos esta tendência acentuar-se-á.
Aproveitar ao máximo o conhecimento, a colaboração, a interactividade num contexto de dinamismo e intensidade requer então um sistema menos automático mas mais explosivo, com as suas instabilidades mas atingindo desempenhos colectivos a níveis máximos. A complexidade deste sistemas é evidente. A necessidade de encarar como uma evidência á inevitável.
Ao longo dos anos testemunhamos constantes simplificações em tudo o que apresentava complexidade. Esta forma de encarar os problemas sempre serviu perfeitamente as necessidades de se obterem desempenhos cada vez melhores.
Acho que se pode dizer que hoje em dia a melhoria de desempenho que se pretende atingir apresenta um problema grande: o de eliminar todas as simplificações feitas e encarar a sua complexidade como potencialidade do sistema.
Antonio Aguiar da Costa
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